A santidade atrai os propósitos do coração de Deus, diz Luciano Subirá
Usando o texto de Ezequiel 48 versículos 11 e 12, Luciano Subirá demonstra a atitude radical de Deus quando o padrão de santidade estabelecido por Ele cai, prejudicando o cumprimento do Seu propósito. Para o pastor, a santidade atrai os propósitos que estão na mente e no coração de Deus para serem cumpridos.
Quando a santidade é relegada por seus ministros, Deus os arranca do ministério para substituir por aqueles que estão vivendo conforme o seu padrão, que não mudou, afirma Subirá.
O pastor diz que no final o versículo 10 fala de uma região santificada, que deveria ser ocupada pelos ministros de Deus. “Ezequiel está falando sobre um momento único e singular da história. Eles estão voltando do período do exílio da Babilônia e nesse momento do pós-exílio, momento de reconstrução, nós sabemos que não apenas teríamos sob a liderança de Esdras a reconstrução do templo, mas nós temos uma orientação de Deus a respeito de como tudo deveria ser”, diz o pastor.
Subirá fala que existe uma discussão entre escolas teológicas sobre se Ezequiel está falando para a reconstrução dos dias ou se tem uma perspectiva escatológica. Mas ele diz que o ponto em questão não é esse. “Deus está dizendo como seria o templo nos mínimos detalhes. E ele diz que haverá uma região sagrada em volta do templo, mas dentro dela vai ter uma região ainda mais nobre e Deus diz ‘Eu vou dar um destino para ela’”.
Subirá aponta que Deus havia destacado uma herança especial. O pastor fala que aquele lugar estava reservado para os sacerdotes santificados. “Deus especifica não apenas esse adjetivo dos sacerdotes ‘santificados’, mas ele também se refere a uma linhagem: Ele diz será para os filhos, para linhagem da casa de Zadoque.
Subirá diz que Deus mostra exatamente o motivo da existência daquele lugar. Foi porque eles não andaram errados quando todos os demais se desviaram. “Eu quero construir duas ideias em paralelo. Primeiro, Deus tem o que nós podemos chamar e classificar de uma herança para os santificados”.
“Deus estava deixando claro para aqueles que o levaram a sério e se posicionarem em santidade que Ele havia deixado um legado, uma herança especial”, diz o pastor.
O segundo ponto é que Deus está falando de uma linhagem específica. “Nós precisamos entender junto com a história dessa linhagem os princípios da palavra de Deus que revelam, na verdade, um propósito a respeito do que Deus espera dos seus ministros”.
Linhagem de Zadoque
Em Samuel 2:27-36 é possível entender sobre a linhagem que Deus estava se referindo, os filhos Zadoque. Há uma clara referência a Arão, o primeiro de toda uma linhagem sacerdotal.
Após a morte dos filhos de Eli, Hofni e Finéias, Deus disse que levantaria um sacerdote fiel “que procederá segundo o que tenho no coração e na mente, edificar-lhe-ei uma casa estável – outras traduções dizem casa firme e casa duradoura – e andará ele diante do meu ungido para sempre”.
Subirá diz que esse contexto ajuda a chegar no final da história com a mentalidade correta. “Nos dias de Eli nós temos uma corrupção na ordem ministerial, a Bíblia diz que os filhos dele roubavam a oferta, às pessoas se prostituíam com as mulheres no templo e que ele não os repreendeu”, explica o pastor.
“Num dado momento um homem de Deus, que nós não sabemos o nome, aparece a ele e traz uma mensagem clara: ‘Eu estabeleci o teu pai, entreguei o ministério à linhagem dele e disse que me serviriam pra sempre, mas o Senhor diz ‘longe de mim tal coisa; eu vou arrancar você, o seu braço da casa de seu pai’. Deus estava dizendo, eu não estou mudando a promessa que eu fiz a Arão e à sua descendência, mas você, Eli, e eu estou arrancando fora e junto com você, toda a sua linhagem”.
Subirá mostra que Deus trouxe um juízo sobre aqueles sacerdotes, arrancando-os do templo. “O Senhor colocou um fim em tudo e tudo e a razão nós sabemos: eles saíram fora do padrão.”
Por isso “Deus disse que iria colocar no lugar deles ‘um sacerdote fiel’ e para ele Deus iria edificar uma casa firme, uma família duradoura, vou criar uma linhagem diferente [da sua] que produza esse DNA de fidelidade e de compromisso que Deus não encontrou naqueles homens”.
Subirá diz que esse sacerdote fiel iria cumprir o que Deus tinha no coração e na mente. “Deus tem um projeto e um propósito para os seus ministros” e aquele que não permite Deus de cumprir é arrancado, substituído. Deus levanta alguém que o permita cumprir os seus sonhos na terra.
O juízo de Deus, com morte, chegou para aqueles que foram infiéis e se instalou na família de Eli. O que aconteceu com a família de Eli era só o começo de uma sentença contra toda a linhagem dele.
“Eu vou arrancar todo mundo”
Em 1 Samuel 22:17-22, Saul mandou exterminar uma cidade inteira, não apenas os oitenta e cinco sacerdotes, mas todos, com uma exceção de Abiatar (filho de Aimeleque), que ficou protegido por Davi.
“Precisamos entender que quando os filhos de Eli morrem, quando o próprio Eli morre, aquela palavra de juízo estava se cumprindo, mas ela não tinha se cumprido toda, porque Deus falou de tirar uma linhagem inteira, mas Abiatar, tataraneto de Eli, estava preservado”, explica Subirá.
Abiatar era o último homem de uma linhagem inteira que está vivo. Ele e um outro sacerdote estão o tempo todo ao lado de Davi.
Salomão quando assume o trono, fala com Adonias, um dos mais velhos filhos Davi, que ficaria de olho nele, pois havia tentado tirar o reino de Salomão.
Subirá explica que na conspiração de Adonias duas forças se uniram: uma força política (militar) que era Joabe, capitão da guarda de Davi e uma religiosa, Abiatar. Ambos apoiaram a conspiração de Adonias contra Salomão, Davi aconselha Salomão a resolver a situação, matando os dois.
Joabe foi morto e faltava Abiatar (1 Reis 2:26,27), mas Salomão não matou Abiatar, cumprindo assim a palavra que o senhor diz ela sobre a casa de Eli em Siló.
Enquanto houvesse um descendente de Eli, faltava cumprir totalmente a
palavra de Deus. Não se tratava apenas de remover, mas de substituir pelo “sacerdote fiel”.
Quem é o sacerdote fiel em quem se cumpra essa palavra?
Durante todos os dias de Davi Abiatar serviu com um outro sacerdote, este era Zadoque, que significa ‘justo’. Ele assume toda a liderança do sacerdócio nos dias de Salomão.
A partir de Zadoque Seus tem o cumprimento daquilo que estava no
seu coração e na mente, uma casa duradoura, uma linhagem duradoura, ou seja, aquele DNA de compromisso e de fidelidade que Deus encontrou. Zadoque é reproduzido geração após geração após geração, mesmo quando chegamos ao período do pós-exílio de Babilônia onde a maioria dos sacerdotes e levitas se corromperam, a linhagem de Zadoque não se corrompeu ela, permaneceu fiel.
“Nós estamos vivendo dias que são grandes desafios, porque nós muitas vezes olhamos e vemos o padrão ministerial baixando, não é apenas a ética o padrão de santidade determinado por Deus baixando”, diz.
“Mas eu quero te dizer que não é porque todo mundo resolveu fazer a coisa errada que o errado virou certo. O certo é certo, mesmo que ninguém esteja fazendo, ou quase ninguém esteja fazendo. Errado é errado, mesmo que todo mundo esteja fazendo”, lembra.
Subirá mostra que quando todos os sacerdotes se corromperam, a linhagem de Zadoque se recusou. Eles decidiram seguir conforme os princípios e não abandonar a santidade requerida aos sacerdotes.
“O que nós precisamos entender que a essa decisão deles é nada mais nada menos do que o cumprimento de um propósito estabelecido pelo próprio Seus para os seus obreiros”, explica.
Continuidade geracional
Casa firme é continuidade geracional, diz Subirá.
Ele fala que Deus disse a Davi que nunca faltaria seu descendente que se assentasse no trono “porque Deus está dizendo: não só vocês vão governar por muitas gerações, mas virá um da sua linhagem que se sentará no trono para reinar para todo sempre, prometendo que o Messias viria da linhagem de Davi”.
Em Apocalipse 2, na carta à igreja de Éfeso, Deus diz que “se você não se arrepender eu venho contra ti e removerei o seu candeeiro”.
Subirá explica que “os candeeiros são as igrejas da Ásia, as estrelas são os mensageiros da igreja. Deus estava dizendo ao anjo da igreja que ‘Se você não repreender Eu tomo o que você tem de volta’, por que no Velho e no Novo Testamento nós não temos uma mudança dos princípios de Deus, nós temos uma progressão na revelação, mas Deus não mudou”.
O pastor disse que as pessoas hoje falam de Velho e Novo Testamento, quase “como se no Velho Testamento Deus fosse ruim e depois se converteu e ficou bom. Mas Deus não muda. Ele é o mesmo, a revelação dele progrediu, mas ele não mudou.”
Subirá mostra que Pedro diz que “o juízo começa pela casa de Deus, mas não se engane, há juízo no Novo Testamento”.
“Nós estamos orando por avivamento. Porém, quanto maior a medida de glória, maior a medida de juízo, é nesse ambiente que Ananias e Safira caem mortos. Deus não mudou os seus padrões”, afirma.
“Durante muito tempo a igreja foi conhecida como único exército, que abandona para trás os seus feridos, infelizmente nós carregávamos esse adjetivo, mas começamos a aprender um pouco mais sobre misericórdia, sobre restauração, sobre novas oportunidades… E começamos a crescer na ideia de recuperar ministros que tropeçavam. Mas aí nós saímos de um extremo, ou ninguém prestava para mais nada e fomos para um outro sistema de que agora alguns, diferente de antigamente que sabiam que não tinha mais jeito, acreditam que se fizer algo errado terá nova chance”, mostra.
“Não há encorajamento para fazer o que é errado”, avisa Subirá.
“É melhor não pecar, do que pecar e ser restaurado depois. Nós não vamos negar que tem restauração para quem pecou, mas eu quero te garantir que é melhor não pecar do que pecar e restaurar depois, porque todo pecado, mesmo que perdoado, tem consequências. A palavra de Deus é muito clara sobre isso”, avisou.