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Brasil: Câmara e Senado se tornam mais conservadores em 2023


Brasil: Câmara e Senado se tornam mais conservadores em 2023

O resultado das eleições para a Câmara e o Senado Federal mostra que o voto conservador venceu. Um terço do Senado foi renovado nas eleições de 2022 – com 27 senadores eleitos, uma vaga preenchida para cada estado, além do DF.

Na Câmara Federal, que é composta por 513 parlamentares, a expectativa é de que a “bancada evangélica” cresça para 154 integrantes. Se conseguir alcançar a meta, o grupo, liderado atualmente pelo deputado reeleito Sóstenes Cavalcante, terá 30% da Casa.

O Senado, que é composto por 81 membros, recebe representantes conservadores cujas principais pautas estão alinhadas aos costumes.

Cristãos evangélicos, a ex-ministra Damares Alves e Magno Malta são exemplos de eleitos para o Senado Federal.

“Eu sou expressão da nova política… As pessoas queriam uma proposta diferente e eu apresentei”, declarou Damares. A senadora eleita pelo DF disse que uma das prioridades é a reforma da legislação penal e a criação de uma comissão permanente da criança e adolescente.

Em entrevista após a confirmação de sua vitória, Magno Malta disse que está eleito com a graça de Deus. “É a força do conservadorismo. Eu nunca temi, eu sempre dependi de Deus, não sou eu”, disse, lembrando que quando ainda era vereador no interior do Espírito Santo sua mãe recebeu uma profecia de que ele seria senador da República.

Deputado federal mais votado do Brasil e da história política de Minas Gerais, Nikolas Ferreira chegará à Câmara levantando, entre outras bandeiras, a da “vida e família”, segundo declarou.

Nikolas Ferreira foi o deputado federal mais bem votado do Brasil. (Foto: Instagram/Nikolas Ferreira)

Em recente entrevista ao Guiame, Nikolas falou sobre a importância da influência de cristãos na política.

“Durante muito tempo, a igreja teve preconceito com relação a cristianismo e política. Eu não julgo aqueles que não gostam de política no meio cristão, porque infelizmente, muitos cristãos que entraram na política mancharam o nome do Evangelho. Eu entendo essa repulsa”, observou. “Mas eu entendo que a política vai muito além do que uma expressão partidária ou ideológica, é de fato uma questão de você influenciar.”

‘Brasil mais conservador’

Em artigo publicado no Correio Braziliense, o superintendente do Sebrae-DF, Valdir Oliveira diz que “O Brasil mostrou ao mundo que a onda conservadora que mudou o cenário mundial é uma realidade na nossa sociedade”.

“O povo brasileiro escolheu a maioria conservadora para o Congresso Nacional para os próximos quatro anos. Os progressistas não conseguiram convencer o povo a mudar as pautas em debate. Teremos uma forte influência conservadora nos debates nacionais independentemente de quem for o vencedor do segundo turno presidencial”, afirma.

Sobre a disputa presidencial – entre Lula e Jair Bolsonaro, Oliveira diz que “a maioria conservadora no Congresso Nacional e governadores eleitos no primeiro turno não foram suficientes para fazer o seu candidato a presidente sair na frente no primeiro turno”.

Ele prevê que até o dia da eleição no segundo turno a disputa será acirrada, com um país dividido para a escolha presidencial. “Mas, independentemente dela, o tom foi dado na escolha para o Congresso Nacional. O Brasil está conservador.”

Reação conservadora

O historiador Sidney Chalhoub da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, disse e à BBC que, desde 2013, o país atravessa a terceira grande reação conservadora de sua história.

Zona Eleitoral, Escola Classe 22 do Gama. (Foto: Pedro França/Agência Senado)

Ele diz que as pesquisas apontavam outro caminho, mas as urnas mostram que essa reação conservadora “não está se esgotando como se pensava.”

A constatação está nos votos que Bolsonaro recebeu, bem acima do que foi previsto pelas pesquisas. Além disso, muitos de seus aliados e membros do seu partido (que só no Senado elegeu 8 integrantes e terá a maior bancada num total de 14 senadores) foram eleitos para as duas casas legislativas nacionais e para governos estaduais.

“Precisamos entender o que muda na vontade do eleitor nesse novo mundo em que as redes sociais são mais importantes do que outras formas de fazer campanha eleitoral, porque algo deu errado, e as pesquisas não detectaram esse panorama”, afirma Chalhoub.

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