Igreja da Inglaterra se opõe à mudança da embaixada britânica para Jerusalém
Um dos temas da reunião paralela, realizada durante a Assembleia das Nações Unidas em setembro passado, entre a primeira-ministra britânica Liz Truss e o premiê de Israel Yair Lapid foi a possível transferência da Embaixada Britânica para Jerusalém.
Durante sua campanha eleitoral em agosto deste ano, Truss revelou ao grupo Conservador Amigos de Israel que, caso fosse eleita primeira-ministra, consideraria mudar a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, seguindo a liderança do ex-presidente dos EUA, Donald Trump.
A primeira-ministra britânica Liz Truss e o premiê israelense Yair Lapid, durante Assembleia Geral da ONU. (Foto: Twitter/Yair Lapid/Avi Ohion, L.A.M.)
A notícia mobilizou diversas autoridades, entre elas os dois dos líderes cristãos mais importantes do Reino Unido.
O arcebispo de Westminster Vincent Nichols (católico romano) e o arcebispo de Canterbury Justin Wellby (Igreja da Inglaterra) se manifestaram contra a retirada da embaixada de Tel Aviv.
Vincent Nichols enviou uma carta a Truss pedindo que não transfira a embaixada britânica para Jerusalém. “Uma realocação da Embaixada do Reino Unido seria seriamente prejudicial a qualquer possibilidade de paz duradoura na região e à reputação internacional do Reino Unido”, escreveu.
Atual presidente da Conferência dos Bispos Católicos da Inglaterra e País de Gales, Nichols expressa sua “profunda preocupação” com o pedido de uma revisão da localização da Embaixada Britânica.
Manutenção do status quo
O comunicado se tornou público ao ser compartilhado tanto em seu site oficial quanto em sua conta no Twitter. Nichols afirmou que “uma tal transferência da Embaixada do Reino Unido seria seriamente prejudicial a qualquer possibilidade de paz duradoura na região e à reputação internacional do Reino Unido”.
O arcebispo de Westminster citou sua conexão com a Igreja Católica como o motivo de sua oposição à ideia, dizendo que “o Papa Francisco e os líderes das igrejas na Terra Santa há muito pedem que o status quo internacional em Jerusalém seja mantido, de acordo com relevantes resoluções das Nações Unidas. A cidade deve ser compartilhada como patrimônio comum, nunca se tornando monopólio exclusivo de qualquer parte.”
Nichols finaliza sua declaração informando que “não vê nenhuma razão válida para que uma medida deva ser considerada agora”, pedindo à primeira-ministra “reconsiderar seriamente a intenção que expressou e concentrar todos os esforços na busca de uma solução estatal, na qual Jerusalém teria um status especial garantido”.
Contra e a favor
Para rechaçar os comentários do arcebispo Nichols, a Aliança Israel-Grã-Bretanha divulgou uma declaração dizendo que, embora tenham “respeito por todo o clero, intervenções como essa revelam uma ingenuidade política fundamental. Estados soberanos nomear sua própria capital é normal. Quando o normal se tornou uma má ideia?”
Seguindo a liderança do cardeal Nichols, o chefe da Igreja da Inglaterra, o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, também se colocou contrário à possível mudança.
O porta-voz de Welby abordou o assunto em um comunicado ao jornal judeu britânico The Jewish News na sexta-feira (07).
“O arcebispo está preocupado com o impacto potencial da mudança da embaixada britânica em Israel de Tel Aviv para Jerusalém antes que um acordo negociado entre palestinos e israelenses seja alcançado”, dizia o comunicado. “Ele está em contato com líderes cristãos na Terra Santae continua orando pela paz de Jerusalém”.