Irã executa 2 manifestantes e missionários alertam: “É uma grande escalada”
Em meio às tensões que o Irã vive com o povo protestando nas ruas, a execução de dois manifestantes, um na semana passada e outro nesta segunda-feira (12), serviu de demonstração dos dois lados — o governo não vai recuar de sua violência e o povo não vai desistir de suas reivindicações.
De acordo com o Mission Network News (MNN), os ativistas prometem continuar com os protestos, apesar da repressão do Estado. “Vai piorar porque a raiva e a dor estão mobilizando famílias, amigos e conhecidos dos manifestantes mortos”, disse um estudante universitário iraniano à DW.
A revolta das pessoas transbordou com a morte da jovem de 22 anos, Mahsa Amini, após ser espancada por policiais iranianos por não estar usando corretamente o hijab (véu islâmico).
As autoridades parecem estar tentando resolver a questão dos protestos com mais violência, anunciando algumas execuções de manifestantes anti-governo, mas nem isso conseguiu calar o povo, que permanece nas ruas.
Primeira execução
Mohsen Shekari, de 23 anos, foi executado na última quinta-feira (8), acusado por “supostamente ferir um guarda da segurança” e por bloquear uma rua no Teerã, como parte dos protestos antigovernamentais.
Os manifestantes ficaram chocados porque o governo prendeu alguém tão jovem e o forçou a confessar, conforme explicou Reza, do Global Catalytic Ministries (GCM) — organização cristã focada na evangelização de muçulmanos e plantação de igrejas.
“Mesmo depois que ele foi executado, mostraram sua confissão falsa e ele tinha hematomas em seu rosto”, revelou o missionário ao descrever a vítima. Reza ainda disse que há pelo menos 12 manifestantes que já receberam sentença de morte.
Ativistas também alertam que as audiências estão acontecendo a portas fechadas, que quase 500 pessoas já foram mortas desde que as manifestações começaram e mais de 18 mil pessoas foram detidas pelas autoridades.
“Eles estão sendo acusados de ‘moharebeh’, que significa ‘travar guerra contra Alá’. O Irã é um país islâmico, suas regras e leis estão baseadas no Alcorão. É também uma teocracia em que o Líder Supremo ouve o próprio Alá e governa o país com base no que ouviu”, continuou.
Segunda execução
Conforme notícias do NPR, na manhã desta segunda-feira (12), Majidreza Rahnavard, que também tinha 23 anos, foi enforcado publicamente, na cidade sagrada de Macchad. Ele ficou pendurado num guindaste como “exemplo” à população.
Ele foi detido em 19 de novembro. Entre sua prisão e execução não se passaram nem 30 dias. Para incriminar Majid, as autoridades divulgaram dois vídeos feitos por câmeras de vigilância.
Nos vídeos, é possível ver ‘um homem atacando alguém’ no meio da rua e o esfaqueando diversas vezes. Depois o agressor esfaqueou uma segunda pessoa e as duas vítimas morreram no local.
O agressor que a TV estatal alega ser Rahnavard, na verdade fugiu. Organizações de direitos humanos denunciam o julgamento apressado e o fato do acusado não poder escolher seu próprio advogado. Isso tem gerado críticas internacionais.
‘Eles farão de tudo para permanecer no poder’
“O Irã é um barril de pólvora esperando por algo para incendiá-lo, e este movimento de protesto pode ser isso”, disse Reza.
“Quando os distúrbios estavam acontecendo em setembro, eu disse: Até que o IRGC — Corpo da Guarda Revolucionária Iraniana apareça e comece a impedir isso, não veremos do que são feitos os distúrbios”, lembrou.
Reza explica que o povo iraniano precisa que outras nações se manifestem em seu favor: “Se a comunidade global não fizer nada para mostrar o quanto isso é mau e errado, o Irã continuará executando pessoas”.
“Eles farão tudo para permanecer no poder, o que é uma grande tática de medo. Esta é uma ótima maneira de controlar as pessoas [executando manifestantes] porque o povo terá medo de protestar contra o governo”, disse ainda.
‘Usando a lei para matar ‘
De acordo com Reza, as leis islâmicas podem manter as potências estrangeiras afastadas. Embora reconheça que as execuções foram perturbadoras, o principal funcionário de direitos humanos da ONU admitiu que seus poderes são limitados.
“Só posso pedir às autoridades que instituam imediatamente uma moratória sobre a pena de morte, libertem os manifestantes que foram presos e trabalhem pela abolição da pena de morte”, disse António Guterres a repórteres.
“Não podemos mudar os líderes do Irã, mas conhecemos o Deus que tem o mundo todo em Suas mãos”, citou Reza.
‘As pessoas estão vendo o homem de branco’
“Dentro do Irã está acontecendo uma tempestade perfeita: agitação social, econômica, política e religiosa. E Deus está se movendo poderosamente através de sonhos e visões”, contou o missionário..
“As pessoas estão vendo ‘o homem de branco' e aceitando a Cristo”, ele compartilhou.
“Ore para que isso continue acontecendo e que o Espírito Santo de Deus continue a se mover poderosamente dentro do Irã”, concluiu.