Jordânia irá revitalizar o local do batismo de Jesus, para recriar experiência bíblica

Um plano diretor de US$ 100 milhões lançado pela Jordânia visa atrair 1 milhão de peregrinos cristãos para as celebrações em 2030 do segundo milênio do batismo de Jesus no Rio Jordão.

O projeto da revitalização do local foi revelado por uma fundação sem fins lucrativos criada pelo governo jordaniano para desenvolver a área de “Betânia além do Jordão”, na margem leste do rio, há muito venerada como o local do batismo de Jesus por João Batista.

Segundo Samir Murad, presidente da nova fundação, disse ao Religion News Service seu grupo planeja dar acesso aos cristãos para visitar e adorar no local, respeitando sua integridade.

“Queríamos oferecer aos peregrinos a oportunidade de passar um tempo de qualidade no local do batismo, respeitando sua espiritualidade e as condições do Patrimônio Mundial da UNESCO”, disse Murad.

Aldeia bíblica

Murad disse que sua equipe rejeitou propostas de hotéis cinco estrelas e restaurantes finos e escolheu acomodações simples. “Decidimos por um tema de aldeia bíblica que tenta recriar uma experiência de 2.000 anos”, explicou.

Ele disse que o tema incluirá hospedagem no estilo “glamping” – uma versão de acampamento caracterizada por barracas bem equipadas com camas confortáveis.

“Forneceremos barracas de estilo árabe e todos os serviços sanitários que proporcionarão uma sensação autêntica”, disse Murad. “Isso nos permite estar de acordo com o tema e, ao mesmo tempo, fornecer moradia a custos razoáveis ​​para os peregrinos que desejam passar um tempo espiritual neste local sagrado.”

Os visitantes terão uma escolha de diferentes restaurantes que servem comida orgânica local, “centrados no deserto e nas plantas mencionadas na Bíblia”, esclareceu Murad.

Ele revelou ainda que as linhas de eletricidade e Wi-Fi serão colocadas no subsolo para não atrapalhar a experiência acima do solo.

Investimento milionário

Murad, que é empresário e ex-ministro do trabalho, contou na entrevista que a fase inicial do projeto, que ele espera ver concluída em 2023, custará cerca de US$ 15 milhões.

Uma segunda fase, que incluirá um hotel três estrelas, restaurantes, área comercial e um museu, um centro de bem-estar e “oportunidades para os peregrinos terem um tempo espiritual tranquilo e especial”, custará cerca de US$ 85 milhões.

“A ideia é criar uma atmosfera como a da Cidade Velha de Jerusalém”, disse Murad à RNS. A segunda fase incluirá também jardins botânicos e, uma vez que o local se encontra numa rota de migração de aves, um santuário natural.

Murad, que junto com sua equipe tem oferecido seu tempo como voluntário, não tem certeza de como o projeto será financiado. “Nosso objetivo inicial é levantar as necessidades da primeira fase para que as pessoas possam ver e sentir o que planejamos fazer.”

Igrejas e organizações religiosas

De acordo com a RNS, nove organizações religiosas receberam oficialmente a oportunidade de construir um local para receber os peregrinos no local do batismo.

Uma das nove é a Baptist World Alliance, uma rede de igrejas batistas em todo o mundo, que está em parceria com a Convenção Batista da Jordânia na construção do posto avançado batista em Betânia, além do Jordão.

O reverendo Elijah Brown, secretário-geral da BWA, estava entre os 250 convidados no jantar de lançamento do projeto, que contou com a presença do rei Abdullah II da Jordânia, seus dois filhos e seu primeiro-ministro, informou a RNS.

Brown disse mais tarde aos batistas jordanianos locais reunidos na Igreja Batista de Amã que o prazo para ambas as fases “está definido para 2029, para estar pronto para o aniversário de 2.000 anos do batismo de Jesus no rio Jordão”.

O secretário pediu aos líderes batistas da Jordânia que trabalhassem em estreita colaboração com a Baptist World Alliance. “Queremos fazer isso em total parceria com sua convenção”, disse Brown aos batistas locais. “Queremos planejar juntos, arrecadar fundos juntos e ter a custódia juntos.”

Legado cristão

A esposa de Brown, Amy, disse aos batistas reunidos que seu tio-avô, August Lovegren, falecido em novembro aos 100 anos, passou 36 anos como cirurgião geral na Jordânia, no Hospital Ajloun Eman, anteriormente Hospital Batista Ajloun.

Ela falou calorosamente da família real daquele país, lembrando que Lovegren tinha um relacionamento especial com o falecido rei Hussein, “que o honrou”, disse ela, “fazendo dele um oficial da Ordem da Independência”.

“Nossa família e a família batista têm grande apreço e respeito por Jordan e adoramos continuar o legado dos jordanianos em geral e o legado pessoal de nossa família e nossa família maior de fé fazendo parte do desenvolvimento para o local em que Jesus foi batizado”.

Relembrando seu tio-avô, Amy Brown disse: “Estamos aqui na Jordânia por causa de um projeto arqueológico no local batismal jordaniano. Não escolhemos o momento, mas o Senhor estava honrando meu tio ao nos receber nesta ocasião.”