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Os pentecostais e a importância em falar em línguas


Os pentecostais e a importância em falar em línguas

Os pentecostais são conhecidos por sua ênfase na prática de falar em línguas, um aspecto comum entre as comunidades de fé que se identificam como pentecostais e carismáticas. Desde a origem do Pentecostalismo, existe uma divisão de opiniões entre seus adeptos sobre ser esta a evidência do batismo no Espírito Santo. Dentre os pioneiros do movimento, Charles Fox Parham defendia a glossolalia como única evidência, enquanto William Seymour considerava não apenas o falar em línguas, mas também outras manifestações. Apesar dessas divergências, os pentecostais são unânimes em incentivar a prática, vendo-a como uma bênção espiritual relevante para os nossos dias.

A prática de falar em línguas é de suma importância para a espiritualidade pentecostal. De acordo com Menzies, ‘a manifestação das línguas é um lembrete poderoso de que a igreja, por virtude do dom pentecostal, é uma comunidade profética chamada e capacitada para testemunhar ao mundo' (MENZIES e MENZIES, 2002, p. 162). Essa afirmação de Menzies, pai e filho, visa reforçar que, assim como nas narrativas do livro de Lucas, as manifestações do poder do Espírito Santo e o falar em línguas estão presentes e registrados, não apenas como um fato histórico, mas também como uma base para o ensino teológico. Stronstad complementa, afirmando que ‘Lucas narra o papel do Espírito Santo na história da Igreja Primitiva' (STRONSTAD, 2018, p. 15). A Igreja Primitiva serve como uma referência para nós, e ignorar suas narrativas sob a perspectiva de uma negação de sua relevância atual é um equívoco, equivalente a dizer que ‘Deus operou apenas no passado' e não atua de forma transcendental hoje.

A bênção de falar em línguas proporciona uma gratificação espiritual significativa na vida do crente. Segundo o Pastor Antônio Gilberto, falar em línguas é “falar ‘a’ Deus na dimensão do Espírito Santo, ‘em linha direta’” (1 Coríntios 14:2) (GILBERTO, 2015, p. 192). Se Deus não considerasse essa experiência espiritual importante, ela não estaria registrada nas Escrituras. Aqueles que negam essa realidade, ou não acreditam verdadeiramente ou podem ter tido alguma experiência negativa com o pentecostalismo. Contudo, se usarmos esses exemplos negativos como um “método de um padrão ortodoxo”, teríamos que questionar e desqualificar diversos profissionais que têm sido envolvidos em escândalos, incluindo políticos, policiais, professores, advogados, entre outros. No entanto, sabemos que esses profissionais têm grande relevância em nosso país.

Assim como a conduta de alguns profissionais perversos não reflete a integridade da maioria dos profissionais competentes e honestos, o mesmo se aplica aos pentecostais. Aqueles que usam o dom de falar em línguas de maneira depreciativa não representam a teologia pentecostal oficial, nem a seriedade da maioria dos praticantes pentecostais. Sem dúvida, falar em línguas é uma bênção para quem pratica, seja como forma de adoração, intercessão ou comunicação direta com Deus. Essa prática espiritual tem o potencial de transformar vidas e fortalecer a fé dos envolvidos. Josh Gissel afirma que “o Espírito Santo toca vidas de maneiras profundas” e ressalta “a universalidade e o poder unificador do Espírito Santo, além da unidade do amor de Deus por toda a humanidade” (GISSEL, 2023).

Referências bibliográficas:

GILBERTO, Antonio (Editor). Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.

MENZIES, William W.; MENZIES, Robert P. No Poder do Espírito: Fundamentos da Experiência Pentecostal, um chamado ao diálogo. São Paulo: Editora Vida, 2002.

STRONSTAD, Roger. A Teologia Carismática de Lucas: Trajetória do Antigo Testamento a Lucas-Atos. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

GISSEL, Josh. Línguas Celestiais: A Importância de Falar em Línguas na Igreja Apostólica. Link: https://blog.pentecostalpublishing.com/2023/11/27/heavenly-languages-the-importance-of-speaking-in-tongues-in-the-apostolic-church/

 

Ediudson Fontes é Pastor auxiliar da Assembleia de Deus – Ministério Cidade Santa no RJ. Teólogo. Pós-graduação em Ciência das Religiões. Mestrado em Teologia Sistemática. Professor de Teologia, autor das obras: “Panorama da Teologia Arminiana”, “Reforma Protestante e Pentecostalismo – A Conexão dos Cinco Solas e a Teologia Pentecostal” e “A Soteriologia na relação entre Arminianismo e Pentecostalismo”, todos publicados pela Editora Reflexão. Casado com Caroline Fontes e pai de Calebe Fontes.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Teologia Pentecostal e o sofrimento humano

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