Presidente da Nicarágua chama Igreja Católica de “ditadura perfeita”
A perseguição religiosa imposta pelo presidente da Nicarágua, Daniel Ortega tem atingido em especial o cristianismo e a Igreja Católica, onde igrejas e emissoras foram fechadas e líderes foram presos e até expulsos do país.
Na quarta-feira (28), Ortega foi contra o sistema de escolha existente há séculos na Igreja Católica, ao dizer que é uma “ditadura perfeita” por não permitir que a maioria dos católicos eleja o papa e o resto de suas autoridades religiosas.
Na Igreja Católica “tudo é imposto, é uma ditadura perfeita, é uma tirania perfeita”, disse Ortega durante um pronunciamento em rede nacional.
“Quem escolhe os padres, quem escolhe os bispos, quem escolhe o papa, os cardeais”, questionou o presidente. “Se eles vão ser democráticos, devem começar a eleger o papa, os cardeais, os bispos”, declarou.
Confronto
O embate com a Igreja Católica aumentou após o governo decretar a prisão domiciliar em 19 de agosto do bispo Rolando Alvarez, que tem sido muito crítico do presidente.
Na ocasião, o governo justificou a prisão de Alvarez dizendo que o bispo estava envolvido “em atividades desestabilizadoras e provocativas”.
Depois disso, nove padres foram presos na Nicarágua, outro está em prisão domiciliar e muitos membros do clero fugiram do país para evitar serem presos por levantar a voz contra o governo, que rotulam como autoritário.
País de maioria católica, a comunidade condenou as violações dos direitos humanos, a perseguição religiosa e os abusos de poder cometidos por Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo.
Crise política
País localizado na América Central, a Nicarágua vive uma crise política e social desde abril de 2018, exacerbada por uma eleição presidencial que a comunidade internacional denunciou como nem livre nem justa.
Meses antes das eleições presidenciais, mais de 40 opositores de Ortega foram presos pelas forças de segurança do governo.
De acordo com um relatório da ONG Observatorio Pro Transparencia y Anticorrupcion, a Igreja Católica recebeu quase 200 agressões entre abril de 2018 e maio de 2022 no país, situação que obrigou o Papa Francisco a falar sobre as condições na Nicarágua.
“Gostaria de expressar minha convicção e minha esperança de que, por meio de um diálogo aberto e sincero, possamos continuar a encontrar as bases para uma convivência respeitosa e pacífica”, disse Francisco.