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“Que Deus tenha misericórdia”: Vítimas lamentam ataque a escolas em Aracruz


“Que Deus tenha misericórdia”: Vítimas lamentam ataque a escolas em Aracruz

Um adolescente de 16 anos é o suspeito de ter atirado nos ataques a duas escolas em Aracruz, no Espírito Santo. A tragédia provou a morte da estudante Selena Zagrillo e de três professoras, sendo uma delas evangélica. O ataque deixou ainda outras 11 pessoas feridas.

A professora Maria da Penha de Melo Banho, 48 anos, conhecida como Penha, era evangélica, dava aulas de artes e atuava na alfabetização de crianças na escola há menos de um ano, informa o UOL. Casada há 19 anos, ela tinha três filhos.

Thais Sagrillo Zucoloto, mãe da estudante de 12 anos morta, contou à TV Gazeta, afiliada da Globo, que a menina deixaria o colégio em breve, porque a família se mudaria para a Bahia.

“A minha filha sempre foi luz e amor, e hoje eu perdi a minha filha para o ódio. Não sei como vou seguir sem ela. Perder um filho é uma dor que ninguém está preparado. Só Deus para me dizer como vou seguir em frente”.

Parentes e amigos não se conformavam com a morte precoce da criança. A tia da estudante, muito abalada, disse que soube da notícia do ataque pela mãe.

A família chegou procurar em hospitais da cidade e da região metropolitana, mas descobriu por uma enfermeira que ela não resistiu aos ferimentos.

“Nós andamos por vários hospitais e quando ligamos para o [Hospital Estadual Dr.] Jayme dos Santos Neves, na Serra, descobrimos que ela já tinha partido. A minha filha perdeu a melhor amiga dela, a única prima. Ela nos deixou e isso dói demais. A gente não consegue ainda acreditar nisso”, contou Tamires Fonttini Sagrillo Zani.

A menina e a professora Penha foram veladas em Aracruz. O corpo de Penha foi encaminhado na manhã desta segunda-feira (28) a uma igreja evangélica da cidade.

“Estou em choque, sem saber o porquê de tanta brutalidade feita assim por um jovem. Ele não precisava acabar com a vida da Penha e de ninguém. É muito difícil pra gente lidar com isso. Estamos abalados, destruídos”, contou a também professora Susana Oliveira.

Outra vítima fatal, a professora de matemática Cybelle Passos Bezerra Lara, 45 anos, ainda não tinha sido velada até o fim da manhã porque o corpo não havia sido liberado pela família.

Vítimas em estado grave

A Secretaria Estadual de Saúde informou o estado de saúde de seis vítimas, todas em estado grave internadas nos hospitais da região metropolitana de Vitória.

Três professoras de 52, 45, 38 anos estão no Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves, passaram por cirurgias e seguem em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em estado grave. No Hospital Estadual de Urgência e Emergência São Lucas, uma professora, de 58 anos, passou por cirurgia e o estado de saúde é considerado estável.

Uma criança de 11 anos, que está no Hospital Infantil de Vitória, passou por cirurgia e uma de 14 também passou por cirurgia e segue intubada. As duas estão em UTI.

Os ataques

O primeiro ataque foi na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti, onde duas professoras foram mortas. A segunda escola atacada foi o Centro Educacional Praia do Coqueiral e uma criança de 12 anos, aluna do 6º ano fundamental, foi morta no local, de acordo com o UOL.

O atirador é filho de um tenente da Polícia Militar e se entregou no momento da detenção, segundo informou a Polícia Civil. Ele estava em casa quando foi apreendido. O delegado detalhou ainda que o adolescente portava duas armas de fogo, um revólver calibre 38 e uma pistola .40, que pertencia ao pai.

De acordo com a polícia, o adolescente planejou o crime por dois anos. O jovem estudou na Escola Estadual Primo Bitti até meses atrás. Profissionais afirmaram à polícia que vinham recebendo ameaças de vida que anunciavam “vingança”.

Ainda segundo a polícia, o adolescente foi retirado da unidade de ensino no primeiro semestre deste ano por “não se adaptar à rotina da escola”.

As polícias Civil e Militar acreditam que ele seria o autor das ameaças contra uma diretora e um professor da instituição, com base em relatos de estudantes sobre o que teriam ouvido o ex-aluno compartilhar. A motivação das ameaças ainda não foi esclarecida.

Segundo informa o UOL, o jovem responderá por ato infracional análogo ao crime de homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, perigo comum e impossibilidade de defesa às vítimas e por tentativa de homicídio aos feridos.

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